Araruna teve água contaminada por substâncias que podem causar câncer, diz estudo
- 09/03/2022
Cinco municípios da Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão (Comcam) tiveram a água potável contaminada com substâncias que oferecem risco à saúde, e alguns até passíveis de gerar doenças como câncer, nos anos de 2018, 2019 e 2020. O dado é do Mapa da Água, realizado pela Repórter Brasil, organização de comunicação e projetos sociais e publicado pela Agência Pública na segunda-feira (7).
Foram avaliadas a qualidade e os riscos oferecidos pela água distribuída em 763 cidades brasileiras. Os testes foram feitos por empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sisagua (Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano), do Ministério da Saúde.
Todos os 25 municípios da região da Comcam foram avaliados, entre as mais preocupantes estão Altamira do Paraná, Araruna, Farol e Quarto Centenário que continham substâncias com os maiores riscos de gerar doenças crônicas na população, como câncer. Já em Campina da Lagoa, foram encontradas outras substâncias que geram riscos à saúde. Nos outros 20 municípios todas as substâncias estavam dentro do limite de segurança.
Segundo a Agência Pública “Todos nós bebemos pequenas doses diárias de substâncias químicas e radioativas. São agrotóxicos e outros resíduos da indústria que se misturam aos rios e represas. Alguns especialistas defendem que não há risco se elas estiverem dentro do limite regulamentado. Outros argumentam que as doses aceitas no Brasil são permissivas, pois são bem mais altas que as da União Europeia.
Os testes em Araruna identificaram a presença de 2,4,6 triclorofenol, substância classificada como provavelmente cancerígeno pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Sua avaliação indica que essa substância pode produzir linfomas, leucemia e câncer de fígado via exposição oral. Pode ser formada a partir do processo de desinfecção, quando o cloro é adicionado à água. Ela é utilizada como anti-séptico, agrotóxico para preservar madeira e o couro e como tratamento anti-mofo. Também é usada na fabricação de outros produtos químicos.
Também foi identificada a presença de uma substância que gera riscos à saúde, os ácidos haloacéticos dicloroacético, tricloroacético, bromoacético e bromoacético. Estes são classificados como possivelmente cancerígenos para humanos pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde. Em altas concentrações, os ácidos haloacéticos também podem gerar problemas no fígado, testículos, pâncreas, cérebro e sistema nervoso. Os ácidos haloacéticos são classificados como subprodutos da desinfecção, formado quando o cloro é adicionado à água para matar bactérias e outros microorganismos patogênicos.
Sanepar
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) informou, por meio de nota, que não há registros de intervenção ou de notificação de órgãos de vigilância de saúde que indiquem omissão ou irregularidade por parte da empresa na qualidade da água fornecida pela empresa nos municípios atendidos.
“A Sanepar envia relatório dos resultados às Vigilâncias Sanitárias municipais, que recebem essas análises em primeira mão e alimentam o Sistema de Informação da Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde”, informa a nota. O Sisagua é o sistema no qual o Repórter Brasil teria obtido os dados para montar o Mapa da Água.
A empresa também informa que faz 7,5 milhões de análises por ano para verificar a conformidade de 109 parâmetros que estabelecem o padrão de qualidade de água segundo o Ministério da Saúde. O controle é feito, de acordo com cada parâmetro, a cada hora, diariamente, mensalmente e a cada semestre, seguindo o monitoramento do Ministério da Saúde e com aprovação das vigilâncias sanitárias dos municípios.
A companhia ainda negou que haja ocorrência de radioatividade na água das unidades de produção da Sanepar.
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